segunda-feira, 21 de abril de 2008

EDUCAÇÃO FÍSICA: SABEDORIA DE VIVER - PARTE I


EDUCAÇÃO FÍSICA: SABEDORIA DE VIVER – PARTE I

Silvino Santin

A área da Educação Física transformou-se nos últimos anos num grande fórum de debates, em que se busca descer às raízes das questões que dizem respeito às atividades por ela englobadas. Pode-se afirmar, sem medo de errar, que todos esses debates e questionamentos passam por uma crise de identidade que pode ser resumida pela discussão da legitimidade do próprio nome Educação Física. De fato, os questionamentos de muitos profissionais da área revelam claramente profundas preocupações quanto ao significado em relação ao individuo, à escola e a sociedade. Congressos, Seminários, Simpósios e Encontros multiplicam-se em toda parte buscando definir funções, conceitos e competências da Educação Física e de seus profissionais. Esta efervescência sem dúvida, além de demonstrar uma grande vitalidade, acentua a importância para os destinos do Setor.A literatura, que documentou esses primeiros debates, registra um consenso geral de denuncias a subserviência da área e o baixo nível de consciência política e social de seus profissionais. Chegou-se a afirmar que, para a Educação Física, o homem não possui cabeça, mas apenas, membros e tronco. Aos poucos, porém, denunciar e desmascarar desvios e alienações tornou-se um lugar comum cansativo e, até certo ponto, estéril. Continuar martelando que a Educação Física foi inspirada em exercícios e práticas militares e que continua voltada exclusivamente para o esporte de alto rendimento não resolvia o problema, não superava deficiências e não corrigia desvios. Era preciso formular questões mais substantivas, capazes de sugerir outras alternativas e de definir novas competências. Neste momento, o espírito demolidor das denuncias começou a ceder lugar ao trabalho paciente das reflexões construtivas.Dentro deste novo panorama os debates, estudos e pesquisas dirigem sua atenção para temas de ordem filosófica, antropológica, psicológica, cultural e social. A introdução destes novos ingredientes, de um lado, tornou os debates mais ricos e profundos, de outro lado, porém, gerou uma atmosfera de conflitos. As denuncias pareciam gozar de unanimidade. A nova Reflexão fez surgir posições ideológicas de diferentes matizes. Numa tentativa de identificar a situação pode-se hoje, com bastante segurança definir três tendências, não excludentes entre si, mas que podem traças rumos diferentes para a Educação Física.
a) TENDÊNCIA DA CIENTIFICIDADE
Há um grupo, bastante expressivo e bem determinado de pesquisadores que sonham com a Educação Física como uma ciência autônoma. Eles defendem, no fundo, o ideal do novo espírito cientifico proposto pelos não-positivistas contemporâneos. Para este grupo, a Educação Física e seu profissional só serão respeitados quando a Educação Física for reconhecida pela comunidade dos cientistas como uma ciência especifica.. Enquanto isso não acontece ficará numa posição subalterna e mesmo de desprezo. Para alguns, de inspiração mais filosófica, isto acontecerá quando se puder falar num estatuto epistemológico próprio, que poderia ser a ciência da motricidade humana. Para outros a Educação Física garantiria sua identidade cientifica vinculando-se a padrões de saúde, ou seja, às possibilidades de desenvolvimento orgânico perfeito. Com laboratórios bem equipados, aliados a uma alimentação adequada e a exercícios físicos dirigidos e controlados tecnicamente, seria possível fornecer a base cientifica das atividades especificas da Educação Física. Em resumo, pretende-se colocar a ciência como critério supremo da validade da Educação Física.
b) TENDÊNCIA PROFISSIONALIZANTE
Um grupo, talvez o mais numeroso, luta por uma Educação Física definida como uma atividade profissional liberal. O profissional da Educação Física, segundo esta tendência, deve ser equiparado ao bacharel em direito, ao médico, ao economista, etc. Somente assim a Educação Física seria reconhecida, garantindo-se uma fatia no mercado de trabalho e via legislação, assegurando-se a reserva deste mercado. Suas lutas, fundamentalmente, voltam-se para a política de organização profissional e institucional da classe tentando estabelecer uma legislação federal que dê suporte jurídico aos direitos profissionais fundamentais dos egressos dos Cursos de Educação Física.
CONTINUA ABAIXO

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