quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Notícias da Educação Física

Notícias da Educação Física


Ensino/aprendizagem de esportes coletivos a partir de um jogo de queimada

Posted: 02 Aug 2012 03:07 AM PDT

    Elaborar uma plataforma de conhecimentos em pedagogia do esporte envolve necessariamente a complexidade de relações teóricas e práticas e a simplicidade do processo pedagógico de oportunidade, isto é, de chance concreta de acesso ao esporte de qualidade. As experiências e escolhas das crianças são fundamentais e devem ser oportunizados durante a seqüência de aulas, exercícios e atividades diversificadas. Brincadeiras e jogos dos mais variados tipos, dois a dois, três a três com ou sem bola são igualmente fundamentais. Quando o mestre é o jogo, o diretor é o professor e os atores os jogadores, a cena pode se tornar bonita, o complexo se funde com o simples e a apresentação retrata uma vida vibrante. Do teatro para o esporte, já que o artista não brota sozinho, precisa de uma direção firme e convicta na sua possibilidade artística e, ao mesmo tempo, precisa da arte, do espetáculo em si, da experiência da representação, do jogo da vida em movimento, mergulhamos na pedagogia do esporte. Nosso pensamento implica na recordação de momentos de iniciação esportiva das crianças e, nas possibilidades de baixar a ansiedade por resultados imediatos. Isso, em hipótese alguma, significa ausência ou não-diretividade do professor.

    Pensando em oferecer as oportunidades de toque, passe, arremesso, isto é, um maior número de contatos com a bola, elaboramos o jogo de "Queimada com pinos" com o objetivo de incrementar elementos da compreensão de jogos como caminhos para o ensino/aprendizagem dos esportes.

    Para desencadear e difundir as discussões sobre a educação integral, da qual a educação esportiva deve fazer parte, sugerimos aos professores e pais que continuem pacientes quanto aos tempos pedagógicos, ou seja, que continuem desenvolvendo a consciência de um processo pedagógico de médio e longo prazo, oferecendo escolhas de vários tipos à criança. Ao longo da vida precisamos ter oportunidade de experimentar vários esportes, ajustando influências culturais e solidificando conhecimentos variados. Reafirmamos que o objetivo do esporte escolar não deve ser a formação de atletas, mas a formação humana.

    Nesse sentido formulamos a seguinte pergunta a fim de orientar as discussões deste texto: Como tem sido o ensino/aprendizagem de esportes coletivos para além do ensino de técnicas e táticas? Partimos da orientação geral contida na concepção "Ensinando esportes por meio de jogos" e formulamos a seguinte hipótese: O ensino/aprendizagem de esportes coletivos tem sido marcado por baixa densidade teórico-prática. Embora tenhamos opiniões a respeito do percurso investigativo e de várias práticas docentes, não é nossa intenção esgotar o presente assunto, assim como não temos nenhuma pretensão, nessas linhas de esboçar formulações definitivas sobre o assunto.

    Partimos, portanto, do eixo teórico-metodológico que indica as seguintes características para o ensino:.

    O referencial teórico-metodológico do "Teaching games for understanding" dinamizado, no campo do esporte escolar pelas formulações de GRIFFIN, MITCHEEL & OSLIN (1997) serviu como âncora para a discussão aqui apresentada. O modelo é baseado em um sistema de classificação que enfatiza as similaridades táticas dentro dos jogos. Desta forma os jogadores podem compreender (e transferir) melhor os princípios comuns, no que diz respeito à conhecimentos e habilidades dos esportes.

    Visando tornar simples o ensino e a aprendizagem de esportes para crianças e adolescentes, a abordagem conclui pela necessidade de resolução de problemas na prática dos jogos acompanhada pela criatividade do professor. Com esta estrutura pedagógica adaptamos e desenvolvemos a categoria "jogos de invasão" do modelo americano, a partir de nossas necessidades, pontuando e extraindo os aspectos da criatividade disponível na área de educação física. Para um aprofundamento do tema, a linha de pesquisa "Estudos e investigações sobre o conhecimento criativo dos estudantes e professores de educação física em aulas de esporte escolar" que desenvolvemos na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás forneceu pistas adicionais constituindo-se em um canal privilegiado de informações, em contínuo processo de construção, desta particularidade que é o esporte escolar.

    O professor, como peça de articulação de conhecimentos, deve promover um ensino de caráter amplo que envolva aspectos físicos, técnicos, táticos, culturais e sociais. Assumindo um papel estratégico no ensino por resolução de problemas, a cognição passa a ser um elo entre a teoria e a prática do esporte. A cognição é um elemento do processo que não deve se restringir às discussões – perguntas e respostas (professor-alunos) - como parte das ações que ocorrem durante os jogos; a cognição como pensamento no jogo envolve também as necessidades que os alunos tem de perceber e situar as noções corporais e sociais tais como: conhecimento de distâncias nos espaços da quadra; domínio da bola e velocidade; segurança e confiança nas ações motoras. A cognição pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem na medida em que for vista como possibilidade consciente e crítica da situação concreta.

    Ao verbalizar as variadas ocorrências no jogo, as crianças realizam o pensamento estratégico e direcionam sua base de formação esportiva para uma perspectiva não tecnicista. A autonomia coletiva de respostas e busca de solução de problemas incrementa e encoraja os alunos na compreensão do esporte. Mesmo com um repertório físico e intelectual limitado é possível definir um plano de performances inteligentes que inclui responsabilidade compartilhada e noções fundamentais do esporte.

    A interação social promovida no jogo pode dar ênfase, de um lado, aos aspectos lúdicos do universo infantil, de outro, aos temas organizados e seqüenciados do planejamento de aulas de esporte escolar. Como um problema do contexto em que emerge múltiplas escolhas e situações, a interação social se transforma em uma ferramenta pedagógica composta pela cognição, habilidades motoras, afetivas e lúdicas. Quando o professor desenha a interação social como campo de vivência e aquisição de conhecimentos fundamentais do esporte, na verdade, visualiza e trabalha com a meta de tornar seu ensino eficaz, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista prático. Assim é possível situar a cognição e os aspectos corporais do jogo como questões inseparáveis (cf. LIGHT & FAWNS, 2003).

    O jogo, descrito na seqüência, foi criado para auxiliar o ensino de esportes coletivos (handebol, basquete e vôlei, preferencialmente) destinado a crianças de 7 a 12 anos. O jogo "Queimada com pinos" além de oferecer elementos educativos, é um jogo dinâmico e envolvente que atrai pessoas de todas as idades; por apresentar um caráter esportivo, de disputa acirrada, não deve ser visto como simples jogo/brincadeira.

Descrição do jogo

Legenda

Amarelo = Equipe A – Campo de jogo; Verde = Equipe B – Campo de jogo; Amarelo pontilhado = Equipe A = "morto", "reserva" ou "cemitério"; Verde pontilhado = Equipe B = "morto", "reserva" ou "cemitério"; Verde escuro = Cone A; Laranja = Cone B.

  1. Duas equipes dispõem seus jogadores na área de jogo, que pode ser a quadra de voleibol ou uma área de tamanho mais ou menos igual. O número de jogadores de cada equipe não deve ser maior que dez. (ver no gráfico: Equipe A = Cor Amarela; Equipe B = Cor Verde);

  2. Cada equipe indica um jogador para ser o "morto" ou ir para o "cemitério" (área externa à quadra de jogo ou quadra de voleibol, representada pelo pontilhado no gráfico, como no jogo da Queimada Tradicional ou das Queimadas Adaptadas). Quando o primeiro jogador for carimbado/queimado, este jogador que era o "morto", ou estava no "cemitério", "ressuscita" e volta para seu campo de jogo;

  3. Dois cones, um em cada campo de jogo, são dispostos na quadra, envolvidos por uma área circular (esta área pode ser desenhada no chão com giz, ou pode ser utilizado um arco-bambolê). Os jogadores devem defender (proteger) seus respectivos cones sem adentrar na área circular;

  4. O jogo é realizado com duas bolas diferentes: uma, utilizada para queimar pessoas; outra, para acertar (queimar) o cone. O objetivo do jogo é acertar (queimar) pessoas e cones: 

    • a bola utilizada para queimar pessoas não pode queimar o cone;

    • a bola utilizada para queimar o cone não pode queimar pessoas;

    • devem ser utilizadas, preferencialmente, bolas de vôlei, não totalmente cheias (para queimar pessoas) e bolas de borracha (para queimar o cone do adversário);inicia-se o jogo através de sorteio. A Equipe vencedora no sorteio escolhe uma bola e o lado da quadra.

  5. Os jogadores podem passar as bolas livremente entre sua própria equipe, trocando passes de variados tipos, até que algum jogador ou um dos cones seja acertado (carimbado/queimado). Neste momento, o jogo é interrompido:

    1. O jogador queimado desloca-se para o "morto" ou "cemitério", permanecendo no jogo. Jogador da Equipe A vai para a área pontilhada de Cor Amarela; Jogador da Equipe B vai para a área pontilhada de Cor Verde;

    2. Quando o cone é derrubado (carimbado/queimado), a equipe escolhe um jogador da equipe adversária para que este se desloque para a área de seu "morto" ou "cemitério" (pontilhada de Cor Amarela ou pontilhada de Cor Verde, conforme o gráfico); 

    3. Todos os jogadores das áreas de "morto" ou "cemitério" continuam no jogo, tentando carimbar/queimar pessoas e cone, ou seja, não são eliminados;

    4. Se houver carimbadas/queimadas simultâneas (de pessoa e cone ao mesmo tempo), o jogo é interrompido e ambas as jogadas são validadas;

  6. O jogo termina quando todos os jogadores do campo de jogo (quadra de voleibol ou similar) de uma equipe são carimbados/queimados.

Implicações didático-metodológicas

    A queimada tradicional é um jogo lento e quase sempre desmotivante para quem perde chances. Os jogadores carimbados/queimados são excluídos e as lembranças que ficam registradas dizem respeito à gostos amargos relacionados ao esporte. Ao alterar as regras e os eixos centrais da queimada tradicional, transformando-a em "Queimada com pinos" elaboramos diferentes perspectivas para o ensino/aprendizagem dos esportes. A princípio, os esportes coletivos considerados foram o handebol, o basquetebol e o voleibol. Por entender que (1) as habilidades dos esportes são transferidas para outros esportes e (2) o intenso processo de socialização e motivação neste jogo possibilitará novas configurações de necessidades e desejos de ensino/aprendizagem, apresentamos as seguintes modificações: Utilização dos fundamentos passe (handebol e basquetebol) e cortada (voleibol) como condição de ataque (queimada) no jogo.

    A rápida movimentação dos jogadores é possibilitada pelos passes curtos e longos bem como pela dinâmica das duas bolas no jogo. Diante das várias opções para obtenção de ponto (queimada no cone, queimada no adversário, passe, finta, deslocamento, etc) a cognição exigida como ferramenta ativa desempenha papel central. Isso implica na socialização entre os jogadores de informações sobre o posicionamento em quadra. Uma outra exigência bastante conflituosa no início, mas posteriormente assimilada como elemento estratégico, diz respeito à escolha do (a) jogador (a) escolhido para continuar no jogo na área do "cemitério", "morto" ou "reserva". Trata-se de uma ação que pode ser entendida como prêmio para a equipe que derrubou o cone mas que também pode ser utilizada como tática, pela equipe que teve seu cone derrubado.

    Por outro lado, o número de vezes que cada jogador toca na bola é sempre superior aos tradicionais exercícios de passe, arremesso e outros fundamentos que são executados para o treinamento dos esportes. O jogo de "Queimada com pinos" pode favorecer estas habilidades, oportunizando exercícios em situação real. Constituindo elemento integrante da categoria "jogos de alvo" este jogo é um desafio para as crianças em contato com o mundo dos esportes coletivos. Podemos afirmar que, após seu pleno desenvolvimento, consolida-se um processo de ensinar e aprender vários esportes coletivos, como o basquetebol, o voleibol e o handebol.

Considerações finais

    O conteúdo jogo e esporte nas aulas de educação física implica em determinações, significados, atitudes, observações e processos de teor complexo. A complexidade da educação física no campo escolar por si só já representa um desafio para os professores. Pelo fato de haver um elevado desnível entre professores iniciantes e experientes, diferentes aplicações esportivas são experimentadas. Os saberes próprios dos professores como ponto de partida para a mudança de postura e aquilo que entendemos como conhecimento crítico-criativo se apresenta também como um aspecto a ser desenvolvido.

    O jogo de "Queimada com pinos" ao oferecer as condições para o desenvolvimento do esporte não implica em aceitação pura e simples de sua forma projetada. Pode haver adaptações que o tornem ainda mais complexo.

    Discutir o tema ensino de esporte por meio de jogos nos leva a diferentes interesses profissionais e acadêmicos que implicam, por sua vez, em uma formação permanente de cunho crítico-criativo para além dos determinantes tanto do tradicionalismo/tecnicismo quantos da crítica situados nas décadas de 1980 e 1990.

    Assim, a busca pelo rompimento de fragmentações e a aposta na perspectiva de totalidade da compreensão do jogo como a primeira base do esporte, torna-se um desafio permanente. Por fim, superar os condicionantes do agir docente e discente em direção a novas formas metodológicas do esporte não pode ser apenas um modismo. Trata-se de um direito dos alunos e de uma necessidade dos professores.

Referências bibliográficas

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  • _________. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas/SP. Autores Associados, 2003.

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  • DUCKER, L.C.B. Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de educação física. Campinas, Autores Associados, 2004.

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  • __________.Pedagogia do Futebol. Londrina: Ed. Midiograf, 1999.

  • GALATTI, Larissa R & PAES, Roberto R. Pedagogia do Esporte: discutindo possibilidades de intervenção na modalidade basquetebol. Anais do XIII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte, Caxambu, 2003.

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  • KUNZ, E. Transformação Didático-Pedagógica do Esporte. Ijuí - RS, UNIJUÍ, 2000.

  • LISTELLO, AUGUSTE. Educação pelas atividades físicas, esportivas e de lazer: Organização do ensino – Do esporte para todos ao esporte de alto nível. São Paulo, EPU, 1979.

  • MITCHELL, S. A, GRIFFIN, L. L, OSLIN, J. L. Sport Foundations for elementary Physical Education: a tactical games approach. Champaing, Human Kinetics, 2003.

  • SADI, R S. Esporte e Sociedade. Brasília, UnB, Centro de Educação à Distância, 2004.

  • ________. Pedagogia do Esporte. Brasília, UnB, Centro de Educação à Distância, 2004.

  • ________. Educação Física, Trabalho e Profissão. Campinas, Komedi, 2005.

  • SCAGLIA, A. J. Escola de futebol: uma prática pedagógica. In: NISTA PICCOLO, V. Pedagogia dos esportes. Campinas: Papirus, 1999.

  • SOUZA, A. J. É jogando que se aprende: o caso do voleibol. In NISTA PICCOLO, V. Pedagogia dos esportes. Campinas: Papirus, 1999.


Autor:

Renato Sampaio Sadi

renatoufg@gmail.com


7 perguntas e respostas sobre esportes coletivos

Posted: 02 Aug 2012 03:03 AM PDT

Se bem planejadas, as aulas com esportes coletivos ajudam a ensinar conceitos importantes, como técnicas de modalidades variadas, sua história e a importância do trabalho em equipe. Além disso, garantem as condições para que todos os alunos tenham acesso ao esporte e, ao praticá-lo, desenvolvam suas competências técnicas e táticas, como também a habilidade de se relacionar em jogos coletivos e de solucionar situações-problema gradativamente mais complexas. Para ajudá-lo, NOVA ESCOLA reuniu as principais dúvidas sobre o trabalho com modalidades coletivas, respondidas a seguir.

1 Há idades mais adequadas para introduzir as diferentes modalidades de esporte?

Não. Todas podem ser trabalhadas com crianças de diferentes faixas etárias, mas é importante fazer adaptações com relação ao esporte oficial. Nas aulas do professor de Educação Física Caio de Campos Busca na EMEB Marina Pires de Araujo, em Itatiba, a 80 quilômetros de São Paulo, a turma do 2º ano usa a rede de vôlei num tamanho compatível com a sua altura e bolas grandes e macias (leia o quadro abaixo). É fundamental garantir que todos conheçam os gestos associados a cada esporte. "É preciso dar condições para que todos avancem em seu tempo", explica Alexandre Arena, do Instituto Esporte e Educação, em São Paulo.

2 O que é essencial ensinar às crianças?

Técnicas, conceitos de saúde e história do esporte. Dentro desses temas, observe o que é mais importante para a turma."Em uma classe com conflitos, deve-se fazer atividades que gerem reflexão sobre o respeito ao adversário", diz Adriano José Rossetto Jr., professor da Universidade Gama Filho (UGF), no Rio de Janeiro.

3 Campeonatos devem ser organizados?

Sim, pois ajudam a trabalhar conceitos como análise tática e trabalho em equipe. Mas nelas deve haver atividades de que todos possam participar, ainda que isso exija adaptações. "Se só existe lugar para as equipes de alto nível em uma competição, então excluiremos a maioria das crianças", afirma Rossetto.

4 Deve-se propor clínicas de aperfeiçoamento?

Depende dos objetivos. Elas farão sentido se forem uma forma de contribuir para que os alunos se aprimorem nos fundamentos de cada prática. O que não vale é direcionar as aulas para o aperfeiçoamento dos naturalmente mais habilidosos. Para eles, a escola deve criar oportunidades no contraturno.

5 Qual é a melhor forma de montar as equipes?

A organização deles deve ser feita de acordo com seus objetivos, mas sempre garantindo grupos heterogêneos: estudantes de diferentes portes físicos, mais e menos habilidosos, meninas e meninos. É essencial que todos vivenciem cada um dos papéis no coletivo para que treinem diversas habilidades. No jogo de futebol, é um erro destacar as meninas sempre para as posições de defesa. "Elas podem defender no primeiro tempo, enquanto os meninos atacam. Porém, no segundo tempo, a situação se inverte", lembra Marcelo Jabu, coautor dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Educação Física. O único cuidado é não delegar essa tarefa às crianças. Elas vão se unir por afinidades e os objetivos da atividade não serão garantidos.

6 Qual deve ser o papel do professor durante um jogo?

É importante observar a partida para avaliar constantemente as atividades desenvolvidas pelos alunos. "Ele deve perceber se a atividade está adequada e se mantém os alunos motivados", diz Rossetto. Também é papel do docente esclarecer regras e mediar conflitos. A função de árbitro, nos jogos, pode ser delegada aos alunos. "Assim, eles refletem sobre a importância de tomar decisões se baseando em regras preestabelecidas e respeitá-las", completa Jabu.

7 Como estudar a fisiologia do esporte na aula?

Os alunos podem identificar as capacidades físicas mais exigidas, como força, resistência, flexibilidade, ritmo, coordenação e velocidade, e que interferem diretamente na realização de determinados movimentos. Por exemplo, ao jogar futebol, as crianças podem ser questionadas sobre o que é necessário para que se saiam cada vez melhor. Nas respostas, a questão da força e da velocidade aparecerá. Você deve levantar essas capacidades com a turma e depois ajudar a construir os conceitos associados a elas.


Esportes coletivos na perpectiva da cultura corporal: uma proposta pedagógica

Posted: 02 Aug 2012 03:02 AM PDT

A partir da observação e aula diagnóstica realizadas na escola municipal Elias Adaime, localizado no bairro cidade nova, na cidade de Itajaí. Foi identificado um dos maiores problemas relacionados nas aulas de educação física. Este problema relaciona-se principalmente a falta de disciplina dos alunos e as dificuldades motoras e destrezas motoras apresentadas pelos alunos, podem relacionar este problema a diversos fatores como às idades cronológicas, e relações psicológicas dos alunos, mais principalmente a questão social onde esta situada à escola, e isto acabam revelando uma dificuldade enorme nas aulas de educação física.

    Vários fatores podem ser indicados ainda, diante desta temática procuramos desenvolver as aulas mais dinâmicas e interativas, buscando o conhecimento dos alunos e desta forma criamos um plano de ensino voltado mais à cultura corporal onde a mesma passa a ser favor de uma necessária evolução, procurando transcender os aspectos meramente físicos das pessoas para os afetivos, os cognitivos e os sócios culturais, buscando a valorização do individuo, como isso buscando a realidade destes alunos para o conhecimento pratico nas aulas de educação física.

    Em geral podemos deduzir que as aulas apresentadas durante as intervenções passaram de satisfatórias para ótimas, isto se da ao fato da interação com os alunos e o convívio com os mesmos na elaboração das atividades, neste sentido tornou-se os professores naqueles momentos também fazer parte da sociedade que para os alunos é tão diferente e ao mesmo tempo valorizada.

    O presente trabalho foi realizado com o intuito de buscar o conhecimento dos alunos e identificar as questões culturais, acreditando nisso fez com que poderíamos motivar os alunos a buscarem estratégias e idéias na criação de novas atividades. Além disso, a questão da indisciplina dos mesmos inspirou certos cuidados e maneiras de conduta de aula. Desta forma optou-se pelo tema de estágio com o titulo: esportes coletivos na perspectiva da cultura corporal: uma proposta pedagógica.

    E tendo como questão problema para esse estudo, Como desenvolver a interação entre aluno-professor numa perspectiva critica-superadora?

    Os objetivos deste estudo foram:

  • Utilizar as capacidades físicas básicas e o conhecimento das estruturas corporais no controle de movimentos adaptados às circunstâncias e as condições de cada situação;

  • Desenvolver atividades que valorizem a cultura corporal, desenvolvendo o conhecimento no qual possam sentir-se bem consigo mesmo e com os outros;

  • Estabelecer com os alunos problemas que exijam o domínio das aptidões e destrezas motoras;

  • Fazer com que os alunos controlem e dosem seus esforços, chegando à um nível correspondente as suas possibilidades reais de movimento, valorizando a participação e o esforço durante a realização das atividades e não o resultado obtido.

  • Oportunizar condições para que o aluno tenha respeito a si e aos demais, assim como respeitar as regras e as normas das atividades.

3.     Justificativa

    O tema desse estágio desenvolveu-se através da busca de valores, desta forma entendemos que a educação física, enquanto área de conhecimento tem como uma das especificidades tratarem de temas da cultura corporal, dentre os quais se encontram os jogos, desta forma propiciando aos alunos a possibilidade de re-laborar novos conhecimentos, um ensino da Educação Física que busque instigar a criatividade e o senso crítico na formação do individuo, com define Martins (2002).

    A abordagem metodológica, além de definir a educação física em outras bases (filosófica, ético político, pedagógica), articulou com a função social da escola no que havia de mais avançado: a formação do individuo enquanto sujeitos históricos, visando uma transformação social compromissada com os interesses e necessidades da classe trabalhadora.

    É essencial desenvolver nos alunos o censo critico, num sentido de entender e desenvolver as formas e assim respeitando sua própria opinião, possibilitando os mesmos a usarem de seu próprio conhecimento. O tema cultura corporal tem esse associação com a Educação Física na busca para desenvolver os conhecimentos e assim associando os conhecimentos cognitivos, afetivos e culturais. Como defendido por Medina (1990).

    Qualquer técnica corporal que se apresente apenas como modelo, tende à alienação, pois deixa de lado o manancial crítico da práxis, fator fundamental do desenvolvimento humano e igualmente importante a criticidade necessária à formação de uma sociedade livre e desreprimida.

    Juntando isso com o tema do estagio criou-se um elo de ligação entre o conhecimento, as questões corporais, conteúdos específicos no caso os esportes coletivos e a sociedade que norteia a escola. A principal proposta foi de trabalhar com o aluno a realidade vivida pelos mesmos na sociedade, e nela buscar extrair conceitos, curiosidades e experiências próprias destes alunos e isso servindo com a construção de conhecimento e troca de informações. Como descrito no gráfico 1 à especialidade e a proposta da abordagem critica-superadora, desenvolvido pelos acadêmicos do curso de Educação Física e através da proposta apresentada e entendida pelo livro coletivo de autores (1992) elaborou esse mapa conceitual.

Gráfico 1

    É importante que fique esclarecido que não tratamos de uma abordagem que se deduzam com concepções de aulas abertas, mais sim interacionalistas defendida pelos coletivos de autores, diante disto à concepção critica-superadora é aquela que permite o diálogo com os alunos, porém, permitindo ao aluno uma participação efetiva desde a construção do plano de aula do professor. Desta forma para analisar melhor sobre os fatores que interferem na participação efetiva dos alunos nas aulas de educação física buscamos a cada aula alternativas onde poderíamos investir para fazer com que os alunos cooperassem e participassem das aulas, além de fazer com que os mesmos reconhecessem o valor das mesmas, descobrindo assim as atividades de seus interesses e os objetivos ao realizá-las. Segundo o coletivo de autores (1992):

    A expectativa da educação física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos -a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem.

    Ainda de acordo com o coletivo de autores (1992). Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defende o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz "a dois", e de que é diferente jogar "com" o companheiro e jogar "contra" o adversário.

    A cultura corporal enquanto fenômeno educativo vai relacionar os valores e finalidades que se visualizam na Educação Física, onde os objetivos dela se orientarão não diretamente para o corpo, mas indiretamente, por meio da ação sobre a personalidade (os motivos, as atitudes, o comportamento, intelecto, vontade e emoção). Assim formaremos cidadãos mais críticos que vão usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade física.

    Concordamos com Vago (1997) apud Silveira (2001), temos desenvolvido duas possibilidades na produção de nossa cultura corporal escolar. Na primeira, conhecer e problematizar, junto com os alunos, as práticas esportivas que os seres humanos produziam ao longo de sua história cultural: vivenciar, conhecer, criticar e transformar as práticas corporais já produzidas.

    A segunda possibilidade explorada nas aulas foi de criar novas atividades voltadas aos esportes coletivos, muitas vezes tivemos que utilizar de uma abordagem voltada à concepção tecnicista, a qual esta visa, mas as questões de esportes de rendimento e técnica dos alunos como defendida por Aranha, (1996).

    "Utilizada para atingir o interesse imediato e produzir indivíduos competentes para o mercado capitalista esta abordagem tem como premissa a eficiência, a rigidez dos conteúdos e a competitividade".

2.     Metodologia

    Este trabalho constitui-se em um método de investigação qualitativa, no qual se enfatizaram os significados da cultura corporal para os alunos, onde observamos e descrevemos os esportes coletivos na cultura corporal uma proposta pedagógica, e diante disto desenvolvemos nas aulas de Educação Física o método da abordagem critica-superadora.

    A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Elias Adaime, os sujeitos desta pesquisa foram alunos das 5ª e 6ª série do ensino fundamental, professores de Educação Física e equipe pedagógica.

    A pesquisa qualitativa se caracteriza por ter o ambiente natural como fonte direta de dados, fazendo com que o investigador seja o principal instrumento, além de ser descritiva.

    Os investigadores qualitativos se caracterizam por ter seus interesses nos "processos" e não simplesmente nos resultados, tendendo a analisar seus dados de forma indutiva, ou seja, sendo assim Bogdan e Biklen, (2004). Descrevem:

    "Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses construídas previamente, ao invés disso, as abstrações são construídas a medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando"

    E sendo assim o que mais importa na abordagem qualitativa é o seu significado, a coleta e análise de dados se deram qualitativamente, iniciaram-se pela observação das aulas, planos de ação e relatórios de aula, desenvolvidos durante a pesquisa, para esta pesquisa foram desenvolvidas dez aulas, sendo que nove aulas realizadas conforme plano de ensino (em Anexo), e outra aula, através de aula diagnóstica a qual a mesma serviu para o conhecimento dos alunos e o delineamento do estudo, totalizando dez aulas, e em cada dia eram desenvolvidas uma aula e analisadas duas aulas com outros professores.

    Segue abaixo o quadro com os cronogramas das intervenções e o delineamento das aulas.

Data

Conteúdos e objetivos

Atividades

Observações

Aula diagnóstica

02/04/2009

Conhecer as habilidades individuais dos alunos, no desenvolvimento dos fundamentos básicos do Handebol.

Passes;

Recepção;

Arremesso;

Condução.

Falta de coordenação motora;

Falta de vestimento adequado para a prática de educação física;

1ª Aula

16/04/2009

Desenvolver atividades, utilizando-se de idéias dos alunos e interação dos mesmos.

Diálogo;

Passes;

Recepção;

Arremesso

Percebeu-se uma dificuldade grande nos fundamentos da modalidade;

Dificuldade dos alunos em criar novas atividades;

2ª Aula

23/04/2009

Desenvolver o conhecimento para realização de atividades relacionadas ao desporto.

Dialogo;

Passes;

Arremesso;

Recepção;

Condução;

Reconhecemos as dificuldades de cada aluno;

Percebeu-se a interação dos alunos pela modalidade do Handebol;

3ª Aula

30/04/2009

Vivenciar atividades, utilizando-se de idéias dos alunos e interação dos mesmos.

Dialogo;

Passes;

Arremesso;

Recepção;

Condução;

Observou-se que os alunos já tinham idéias de criar novas atividades.

4ª Aula

07/05/2009

Conhecer as habilidades individuais dos alunos no desenvolvimento dos fundamentos básicos do futsal.

Dialogo;

Passes;

Chute;

Recepção;

Condução;

Percebeu-se a socialização entre o grupo;

Dificuldade dos alunos nos fundamentos da modalidade;

5ª Aula

14/05/2009

Conhecer habilidades dos alunos nos passes e deslocamento.

Dialogo;

Passes;

Chute;

Recepção;

Condução;

Percebeu-se a indisciplinas deles na aula pratica, fazendo que os mesmo auto-refleti-sem sobre ocorrido na aula;

6ª Aula

21/05/2009

Produzir com os alunos atividades que desenvolvessem as habilidades básicas da modalidade.

Dialogo;

Passes;

Chute;

Recepção;

Condução;

Enfatizamos mais os fundamentos da disciplina;

Percebemos que o processo pedagógico transcorreu com eficiência e a nossa aula teve uma grande evolução didático-pedagógica em relação aula passada;

7ª Aula

28/05/2009

Conhecer as habilidades individuais dos alunos no desenvolvimento dos fundamentos básicos do Basquete.

Dialogo;

Passes;

Arremesso;

Recepção;

Condução;

Percebeu-se a interação dos alunos pela modalidade;

Observou-se que os alunos divididos por sexo nas atividades, os mesmo realizam as atividades com mais satisfação e respeitam melhor os fundamentos básicos da modalidade;

8ª Aula

04/06/2009

Desenvolver atividades, utilizando-se de idéias dos alunos e interação dos mesmos.

Dialogo;

Passes;


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